domingo, 22 de agosto de 2010

Espólios

Ando por aí a recordar velhos tempos. Assim para manter a cabeça ocupada, nada de grave. É que assim não penso noutras coisas que não interessam.

Pois bem, lembrei-me que queixo-me porque nunca recebi flores, queixo-me porque nunca fui surpreendida com algo arrebatador e queixo-me porque nunca recebi flores (esta é mesmo importante), no entanto tinha-me esquecido que recebi um poema de alguém que já me foi muito especial. Até hoje, só não percebi se foi por amor, mas adorei! Que este blogue sirva para não voltar a esquecer!



Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...


Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...


Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri


E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...


Florbela Espanca


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