é uma coisa que
me chateia. A sério, maça-me. Esta coisa do “toda a gente vê” ou “toda a gente
lê” são premissas para eu fazer precisamente o contrário e, se estiver de mau
feitio, tomar de ponta e tornar-me o verdadeiro barco contra a maré. Se faço
isto porque quero ser diferente? Não. É porque embirro mesmo com estados febris
colectivos e não gosto de participar deles. Isto tudo sob pena de apreciar
tardiamente fantásticas bandas que decidi implicar ou por não ter ido àquele
restaurante que ia “toda a gente” porque entretanto já fechou e afinal tinha o
melhor bacalhau do mundo.
Uma das minhas
grandes embirrações foi “O Sexo e a Cidade”, série que blasfemei durante anos e
fui acusada de heresia por o fazer. Achava um género aquela coisa pretensiosa
de querer fazer match com as personagens, de procurar desesperadamente o seu link com a Carrie, Samantha, Charlotte ou Miranda. E foi à conta desta série
que as mulheres começaram a ficar (ainda mais) loucas por sapatos, que se deu a
proliferação de consumo do tipo “Starbucks” e daqueles horripilentes cupcakes,
bem como a compra de vibradores porque estava na moda ter na gaveta, coisa que
tenho a convicção de que praticamente não foi usada. Mais grave que isso,
tentou seduzir as mulheres para o mundo onde “estamos muito bem sem os homens ”,
coisa que, sinceramente, funciona muito bem em ficção mas é um desastre na vida
real.
Isto tudo para
dizer que, 15 anos depois da sua estreia, lá a Força Suprema decidiu dar o
benefício da dúvida e ficou rendida. Menção honrosa para quem escreveu aqueles
diálogos verdadeiramente sublimes. É uma americanada, bem sei, mas há questões
que nas mulheres são absolutamente universais e que podem ser explicadas com
puro e honesto humor, coisa que mais aprecio nesta vida.
E, por fim, apesar de
não ter nada a ver fisicamente, mas por todo o resto, digo com toda a pretensão
do mundo: o meu match é mesmo a Carrie. Sem a mais pálida sombra de dúvida.
Não contem comigo é para gastar 200 euros num par de sapatos e para comer
aqueles queques com as cores dos meus vernizes.
6 comentários:
Força Suprema em Crónica. Um formato a repetir...))
Vós Gostastes, meu Salvador?
Seja feita a Vossa vontade, meu Messias.
Claro que gostei. Sou uma criatura de vicios e maus hábitos, mas gosto muito do que é bom. Satisfaz, pois, a minha vontade e venham daí mais crónicas...))
Apreciei imenso a posição da cronista acerca do papel masculino numa existência preenchida e feliz.
Pelo menos foi como o leitor interpretou.
Interpretaste muito bem Shark. A minha aldeia seria muito enfadonha sem as tendas masculinas.
Já agora, a tua veio embelezar muito esta minha aldeia.
"Sou uma criatura de vicios e maus hábitos, mas gosto muito do que é bom"
Digo isso tantas vezes. E, nesse seguimento, "Tenho bolso de pobre mas olho de rica"
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