Esta vossa Força Suprema anda um pouco aborrecida
pois não consegue discernir se está assim profundamente insolente e
insuportável ou se é uma criatura perfeitamente normal e igual às outras.
Já tinha algumas desconfianças do que tanto me
desagrada nas relações mas, em boa verdade, nunca tinha pensado profundamente nisso
pois até acredito que nos adaptamos consoante os casos e motivações. Mas há
coisas que me tiram do sério. Tais como:
- Não me falem mal de tudo e não apliquem o
termo “detesto” a toda a hora. Podem detestar o Relvas, o Passos, o sporting, iscas,
gordas, magras, mas não detestem chineses, japoneses, austríacos, espanhóis, suecos,
brasileiros e portugueses, a menos que desapareçam da porra da face da terra. É
que, já agora, “detesto” generalizações.
- Quando acham que a música ou série que estou
a apreciar é má digam-me, na boa. “Epá, oh Carlota, prefiro borrar um pé
descalço do que ver esta merda”. Eu posso tirar ou apenas dizer “olha, vai jogar
PES, fazer cocó, o que entenderes, mas eu quero ver isto”. Agora dizerem “está bem,
não adoro, mas vê” e, mesquinhamente, imbecilizar aquilo que tanto prazer nos
está a dar, é assim coisinha para sentir que 1) estão a chamar-me de imbecil 2)
vontade de chamar nomes à vossa mãezinha, coisa que nunca faço e olhem que já
tive uma sogra mandona.
- Não me macem com diarreia cultural ou pelo
menos não pensem que me impressionam mais por conhecerem mais 18 ícones de
literatura Russa que a média das pessoas. Ou então ensinem-me, mas não sejam
arrogantes quando não sei a nacionalidade do realizador do filme que está a
passar na Cinemateca. Adoro aprender, o que me dá mais pica no meu trabalho é
ter que perceber um bocadinho de finanças, passando pela pasteurização do leite
e acabando na gestão de resíduos. Mas é só um bocadinho. Não tenho nenhuma
pretensão em saber mais do que os outros, muito menos mostrar. Podem ler todos
os paradigmas da literatura e podem consumir todo o cinema erudito. É que, de
facto, o saber não ocupa lugar. Mas esbanjar o saber ocupa. E não é,
certamente, o meu coração.
- Quando eu estou adormecer no sofá por uma
semana de noites mal dormidas para ser boa profissional, boa mãe e boa amiga –
e, já agora, por privação de sono por uma noitada anterior - por favor, MAS POR
FAVOR, não estejam de 5 em 5 minutos a acordar-me “Vai para a cama”. “Estás a
adormecer”. “Ui, fechaste os olhos”. A sério, meus, já fizeram essa experiência
com um cão e ele enlouqueceu. Deixem-me dormir porra.
Agora, de momento, não me ocorre mais nada.
Posto isto: intolerante de estalo ou isto tudo é válido?
(Nota adicional: também não gosto de mau vinho, mas isso é uma outra conversa)
8 comentários:
Et voilá, thats you!
Pi. Fiz uma pergunta - Válido ou sou de estalo?
Ena.
Parece um caderno de encargos.
É?
Papousse: Foi. E está devidamente arquivado.
Ok, já percebi. Estou insuportável!!
Estás muito bem. Recomendo-te!
PC, depois de achincalhares as cores da minha sala e de me dizeres que uma sms que recebi não era um engate, veio a redenção :)
Mulher, pára de escrever coisas com lógica, que isso é coisa de homem e fica-te mal.
Cinge-te a falar de sapatos, coisas marrón, fucsia ou bordeaux e outras cenas futilmente cozidas por Deus no vosso ADN.
Grassa,
também te gramo muito, como sabes.
Agora vou ali à wc que tem o urinol.
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