Uma grande e
querida amiga passou por uma experiência que fez as delícias do inusitado,
arrancou umas belas de umas gargalhadas e acredito que algum rubor na escrita
de um auto de polícia: decidiu alugar a sua casa. Uma casa onde viva com as
suas três maravilhosas crianças que brincavam entre os Playmobil e o jardim
onde se erguiam sardinheiras, uma baliza e uma casinha para brincar. Da rua
viam-se umas janelas cheias de charme decoradas com cortinas brancas debruadas
com bordado inglês, mas era ao entrar que se sentia o calor de uma lareira, um
cheirinho a pão-de-ló acabado de fazer, ou seja, aquelas paredes tresandavam a
lar.
Passando todos os
pormenores da escolha do arrendatário e contrato de habitação, a minha amiga
descobre que a sua casinha, o seu lar que teve que abdicar por causa da “troika”,
havia sido transformado num palco de prevaricação sexual e práticas sado-maso.
Quando ela me liga, lavada em lágrimas a contar o sucedido, eu, Força Suprema
me confesso, que entre a voz preocupada e atónita que lhe fiz para reconforto
de tamanho desgosto, agarrava o nariz, ao ponto de quase ter um derrame
cerebral por conter as gargalhadas que tanto queriam rebentar.
Entre a expulsão
dos arrendatários à remodelação da casa que foi tomada por algemas, cartões de
consumo, colchões laváveis, correntes, máscaras à lá moulin rouge, paredes
negras, a EDP a abastecer a pilha do vibrador, e, segundo o auto da polícia e
passando a citar, “por uma publicação intitulada ‘Orgasmo’ (…) e um pouf com
vibrador central telecomandado” perguntei à minha amiga se ela ia voltar a
viver na casa, procurando desmistificar a coisa. “Sabes? Já não sou capaz. Não
me sinto confortável. Adoro a casa, lá fui feliz, mas sinto que não me consigo
desligar daquelas imagens e levar para lá os meus filhos”
Porque vos conto
isto? Acima de tudo para vos entreter, para arrancar um sorriso por pequeno que
seja. Mas também como forma de vos dizer que A Força Suprema vai encerrar esta
alimentação de conteúdos que gerou tão estimulantes interacções e relações
virtuais – algumas delas tornadas reais e, consequentemente, ainda mais
enriquecedoras.
Tal como todos os pormenores da escolha do
arrendatário e contrato de habitação vou passar à frente as razões que me
levam ao encerramento deste espaço onde partilhei tanto a frugalidade como a
intimidade, apimentados com sarcasmo, humor, tristeza, hipérbole, mau génio e
desabafo. Este é precisamente o paradigma desta forma de comunicar, destas
plataformas: ter a liberdade, sem medos e remorsos, de nos exprimirmos pela
escrita, um poder incrível que temos em mãos para nos organizar ideias e
eternizar emoções ou “estórias” que queremos contar “apenas porque sim”.
Hoje, apesar de
ter sido alvo de monitorização e de conclusões pela rama, essa liberdade até
existe, mas, tal como a minha amiga me disse, “Sabem? Já não sou capaz. Não me
sinto confortável”.
Fica aqui o meu
profundo agradecimento aos meus queridos e fiéis acompanhantes das Forças e
Forcas que me vi embrulhada e deixo aqui uma especial dedicatória à personagem
que tantos posts motivou e que construí, apenas por prosa: o Jumento. O
Jumento, na plataforma real, nada de tem a ver com asno. É um verdadeiro Amigo,
parceiro de equipa e grande Homem por quem estive perdida de amores por mais de
metade do meu tempo de vida.
Como testemunho ficam os meus maravilhosos filhos,
a complexidade dos momentos logísticos de quem colocou filhos no mundo - e que
ainda assim conseguem ser sempre agradáveis - e um blogue que, entre bons amigos
e relações que tenho desenvolvido, testemunha o quão oneroso foi para mim assistir à falência de um amor, bem como o quão maravilhosa, rica e apalermada
consegue ser esta minha existência. Ou seja, testemunha uma mulher
perfeitamente normal.
Assim, meus queridos, May the Force
be with you!
**saindo com aquela respiração perturbadora do Dark Vader **
(May the Force
be with you, nem que seja por aqui: aforcasuprema@gmail.com)